Este post tem umas três partes que poderiam ter sido postadas separadamente, mas acho que não é assim que a gente funciona... então vai junto mesmo. :)
Eu sou fã de livros de bolso, os pocket books como os da L&PM Pocket e da Martin Claret. De certa forma, dá pra se argumentar que os pocket books são os precursores dos netbooks que estão invadindo o mercado hoje em dia, já que desde a segunda guerra os pocket books se tornaram sinônimo de informação com mobilidade, praticidade e preço baixo. Numa época em que os livros eram feitos em encadernações luxuosas, pesadas e caras (veja como se presta a representar notebooks tradicionais), de repente surgiu a idéia de criar livros mais simples e baratos para a população de baixa renda (OLPC, anyone?). Com o tempo, a popularização dos pocket books foi tão grande que qualquer banca de revistas os tinha à venda (Mobo nas casas Bahia e assemelhadas?), e então começaram a surgir as coleções de pocket books "de luxo", com uma encadernação mais refinada, porém ainda simples, e papel mais branco e resistente (com certeza quem leu até aqui consegue visualizar MSI Winds, Acer Aspire Ones e Mobo Whites da atualidade).
Acho que o papel dos livros de bolso na disseminação da cultura e da educação (instrução?) têm o mesmo papel que os netbooks carregados de software livre hoje em dia. O bom é que os livros de bolso não precisam de bateria e têm cheirinho de livro! Quer saber o que me dar de natal? Faça random(400) e me dê o livro de bolso com o número sorteado da coleção "A Obra Prima de Cada Autor" da Martin Claret. :D
Há algumas semanas eu e a Fran estávamos no ótimo Café Brasiliano, aqui em Chapecó, e lá tem estandes tanto da Martin Claret quanto da L&PM (é uma cachaça). Enquanto tomávamos café, eu percebi dois livros bem interessantes: Fábulas de La Fontaine (nº 200) e Fábulas de Ésopo (nº 182). Ambos possuem um pouco da história das fábulas, dos seus autores, e uma explicação a cerca do gênero literário que geralmente se encontra passando por fábula. É interessante saber que inicialmente poucas fábulas eram escritas para crianças, ao contrário do que se pensa. A grande maioria das fábulas se prestava a transmitir algum conhecimento moral ou simples experiência de vida para adultos se tornarem também menos obtusos (e na verdade, algumas me parecem puramente manipulação da massa iletrada).
A fábula é um misto de conto, provérbio e poema. Sempre tem uma lição de moral, mas para transmitir a lição faz uso de uma narrativa (se não tivesse a narrativa seria um provérbio). A narrativa pode ser em prosa (conto) ou em verso (poema). Um dos aspectos mais interessantes é o universo ilimitado dos personagens, já que na fábula tudo tem vida. Se fossem apenas narrativas sobre humanos com uma lição de moral, seriam parábolas. ;-) Mas na fábula se pode ver um musgo conversando com uma pedra, ou um deus e um mortal, ou ainda um pássaro, uma raposa e uma roseira. Essa liberdade faz com que o formato seja reconfortante, por nos levar de volta a um universo infantil e fantasioso, e até surpreendente, já que nunca imaginamos quem (ou o quê) mais sairá do plano dos objetos e se tornará sujeito de alguma ação para daí dar um sentido mais profundo para a narrativa (a "moral da história").
Pois bem, e o título desse post, afinal, o que significa?
Tenho lido várias fábulas de Ésopo e de La Fontaine, e um dia arrumando as caixinhas de CDs do OpenBSD na estante, de repente me caiu uma ficha daquelas: faz anos que os caras do OpenBSD vêm contando pequenas fábulas em cada uma das suas edições! A cada edição vem uma historinha no encarte da caixinha, contando com personagens (que são animais) um pouco do que aconteceu no projeto e no mundo do software livre nos meses anteriores à edição.
De repente me deu uma baita vontade de criar pequenas histórias nesse formato, usando personagens que representem projetos de software livre e outros players do mundo Unix em geral, de forma a divertir e informar (ou confundir) os leitores. Aí se fez necessário criar um pseudônimo para assinar essas histórias, e surgiu o Esopix. :D
Esopix foi um admirador do mundo Unix que viveu no final do século XX e início do século XXI e, temendo que as gerações mais novas pudessem esquecer as lições do passado, passou a documentar passagens que representassem a essência daquilo que "os antigos" aprenderam desde os tempos imemoriais. Ele não era muito experiente, e nem tudo o que ele escrevia era verdadeiro ou mesmo correto, mas pelo menos ele tentou deixar um legado em prosa ou verso das lições mais importantes que havia aprendido.
Espero que gostem do resultado... :)
Infrequent thoughts about Technology, and sometimes about Consciousness and its infinite forms of expression.
Tuesday, November 18, 2008
Tuesday, November 11, 2008
OpenBSD no EeePC
Logo antes do evento TcheLinux em Santa Maria, o Filipe Rosset passou aqui em casa e me deixou emprestado um EeePC 701 (aqueles pretinhos minúsculos originais, certamente projetados por oftalmologistas) pra mim fuçar e eu resolvi instalar OpenBSD nele.
Baixei um snapshot para i386 (eu procuro comprar as caixinhas de CDs para ajudar (e porque são bonitas e divertidas) mas sempre instalo snapshots), botei num pendrive, bootei o pendrive e instalei direto no disquinho SSD dele (acho que é SSD né? não lembro direito). Foi até chato, instalou sem nenhum problema. O único ajuste necessário foi desabilitar o suporte a APM (config -ef /bsd; disable apm; quit), já que o BIOS do EeePC suporta tanto APM quanto ACPI mas na verdadade algumas coisas só funcionam bem com o ACPI mesmo e o APM fica atrapalhando.
Como era de se esperar, a WiFi Atheros não funcionou, e eu achei que a webcam funcionaria, mas também não funfou. Plugando outra WiFi em uma portinha USB o bichinho ficou bem divertido.
O que me lembrou disso ontem foi ver um commit no OpenBSD habilitando o suporte a modo bulk no driver de webcams USB, o que fez a câmera do EeePC 701 funcionar. Com as recentes atualizações no driver de DRM no kernel e no X, o EeePC teria também aceleração 3D por default (sem configurar nada). Só falta aquela porcaria de Atheros proprietária.
Juntando também o recente servidor de som nativo, com conversão automática entre formatos de múltiplas streams, o OpenBSD está ficando cada vez mais apetitoso no desktop... e acho que fica ótimo num netbook, por ser simples, completo e enxuto.
Estou curioso para ver como os snapshots mais recentes do OpenBSD se comportam num Acer Aspire One. Alguém discorda que os AA1 são os melhores netbooks atuais?
Baixei um snapshot para i386 (eu procuro comprar as caixinhas de CDs para ajudar (e porque são bonitas e divertidas) mas sempre instalo snapshots), botei num pendrive, bootei o pendrive e instalei direto no disquinho SSD dele (acho que é SSD né? não lembro direito). Foi até chato, instalou sem nenhum problema. O único ajuste necessário foi desabilitar o suporte a APM (config -ef /bsd; disable apm; quit), já que o BIOS do EeePC suporta tanto APM quanto ACPI mas na verdadade algumas coisas só funcionam bem com o ACPI mesmo e o APM fica atrapalhando.
Como era de se esperar, a WiFi Atheros não funcionou, e eu achei que a webcam funcionaria, mas também não funfou. Plugando outra WiFi em uma portinha USB o bichinho ficou bem divertido.
O que me lembrou disso ontem foi ver um commit no OpenBSD habilitando o suporte a modo bulk no driver de webcams USB, o que fez a câmera do EeePC 701 funcionar. Com as recentes atualizações no driver de DRM no kernel e no X, o EeePC teria também aceleração 3D por default (sem configurar nada). Só falta aquela porcaria de Atheros proprietária.
Juntando também o recente servidor de som nativo, com conversão automática entre formatos de múltiplas streams, o OpenBSD está ficando cada vez mais apetitoso no desktop... e acho que fica ótimo num netbook, por ser simples, completo e enxuto.
Estou curioso para ver como os snapshots mais recentes do OpenBSD se comportam num Acer Aspire One. Alguém discorda que os AA1 são os melhores netbooks atuais?
Monday, November 10, 2008
TcheLinux Porto Alegre 2008
"O evento foi tão bom que vou começar a blogar de novo por causa dele."
Mas bah! Me aventurei em uma viagem bate-e-volta para passar o sábado passado em Porto Alegre, saindo de Chapecó às 23h de sexta e chegando em POA às 5h30 da manhã de Sábado. Eu e o Filipe Rosset, bom amigo aqui de XAP que anda se enveredando pelo TcheLinux e pelo seu irmão caçula (e bem recente) XAPlivre. Chegamos na rodoviária, tomamos café da manhã e fomos pra PUC. Chegamos lá umas 6h30, acho. Fomos os primeiros a chegar e causar espanto nos guardas da PUC (um com chapéu vermelho e o outro com camiseta de pinguim), mas logo mais gente foi chegando, fomos nos apresentando (para os novos) ou botando os papos em dia (para os velhos conhecidos).
Como pra voluntário do TcheLinux não tem moleza, antes de termos um chimarrão pronto já estávamos arrastando mesas, abrindo caixas, ajudando a organizar a lojinha, o local para guardar os donativos, colando cartazes, preparando crachás, etc. Finalmente chega o Douglas Landgraf com uma bomba de chimarrão (pô Filipe, essa foi triste) e depois de uns mates o cérebro sai do modo uni-neurônio. Começou a chegar gente pra fazer inscrição, começaram a chegar donativos, e eu lembrei que obviamente ainda tinha que terminar minhas apresentações pra duas palestras (ainda bem que eram só à tarde).
Começou a encher de gente, vários amigos chegando, colegas do trabalho atual, de outros trabalhos antigos, e inclusive uns tanto do trabalho atual quanto de outros trabalhos antigos (vai entender). Depois da primeira enxurrada de gente e donativos que ajudei a organizar (me especializei em ensacar sacos de donativos) fui correndo pra abertura do evento. Mais uma vez o Leo manda aquela abertura ótima, algo como "é isso aí gurizada, estamos um pouco atrasados então vamos lá. É um prazer estar aqui, espero que gostem do evento e mãos à obra!". O TcheLinux prega muito o método "shut up and hack" e no evento não poderia ser diferente... "Bom dia a todos, vamos fazer desse um ótimo evento e agora se mandem pras palestras que é o que importa!".
Me mandei pra sala onde seriam minhas palestras, mais tarde, e me dediquei ao meu esporte predileto: dar palpite nas palestras dos colegas. Algumas pessoas ficam mais nervosas do que outras, algumas começam a palestra meio fechadas ou rígidas, e inclusive o público às vezes está meio frio. O que eu faço? Entro na sala e largo uma piada ridícula. :D Nem fico (mais) vermelho, mas com a descontração do público e do palestrante a tensão desaparece e a palestra se torna quase uma conversa entre amigos. E, na minha humilde opinião, é pra isso que nós fazemos os eventos: para que as pessoas interajam e saiam com mais conhecimento. Todas as pessoas, inclusive os palestrantes.
Cheguei na palestra do Maraschini, sobre pipes, e vi que ela está melhor do que foi em Santa Maria. Mais uma prova de que todos aprendem nos eventos, inclusive os palestrantes. Com a interação da platéia e algumas conversas entre amigos, a palestra de repente se torna mais do que havia nos slides. E aí entra o Douglas, com a sua palestra mutante sobre como colaborar com o desenvolvimento do Linux. Tem tantos assuntos que podem ser falados, aspectos técnicos, culturais, comportamentais, ou mesmo simples procedimentos. Como essa palestra não é rigidamente estruturada, eu aproveito pra dar pitaco a toda hora, e não raro algum ouvinte faz algum comentário que vira uma sub-palestra de uns 15 a 20 minutos. É uma conversa entre iguais, onde quem está na frente apenas tem a responsabilidade de manter um pouco o foco e o caminho dos assuntos. Essa é a troca que eu mais gosto nos eventos do TcheLinux: a gente nunca sabe exatamente onde uma palestra vai parar, mas tem certeza que vai aprender algo que não esperava (ainda mais quando estão na sala o Luis Claudio, o Arnaldo e o Eduardo, velhos colegas e amigos, para trazer mais experiência para as conversas).
Próximo do almoço eu finalmente terminei minha primeira apresentação. :D A segunda já estava parcialmente pronta, e francamente a segunda palestra que eu apresentei acabou sendo tão abrangente que os slides não adiantariam muito. Vou evitar fazer palestras assim tão grandes no futuro, e parar de estourar o tempo das palestras (já estou queimando a paciência dos amigos com minhas palestras sem fim).
Logo depois do (farto) almoço, o Luis Claudio conseguiu uma proeza: ninguém dormiu na palestra dele! O assunto, Real Time Linux, é bem interessante, e o Luis Claudio domina o assunto e a platéia... acabei fazendo só uma ou duas intromissões, já que não conseguia ficar quieto. Aí vem o Arnaldo, e nos esmaga com sua apresentação animal sobre as tecnologias atuais de depuração do kernel, sua motivação, história e estado atual. Algumas das tecnologias que ele falou ele mesmo criou, adaptou ou ajuda a desenvolver. É difícil achar um evento no Brasil onde esse tipo de assunto fosse falado por alguém tão íntimo com estas tecnologias. Ficou legal o link entre a minha palestra e a do Arnaldo, porque ele falou de várias tecnologias, inclusive SystemTap, e depois eu aprofundei e demonstrei com exemplos como usar SystemTap.
Terminada a palestra do Arnaldo, eu levo meu notebook pessoal, chinelão, pro projetor e nada (eu já esperava). Aí peguei o notebook da Red Hat, esse com pedigree, e nada também. Putz! O ThinkPad nunca negou fogo pra um projetor de vídeo antes! Acabei tendo que usar o notebook do Arnaldo e perdi vários minutos no início da apresentação sobre SystemTap (que, aliás, gostei bastante de apresentar). Consegui acabar a palestra de SystemTap quase na hora que deveria (ei, dá um desconto já que deu problema no notebook), tomei um copo d'água e já continuei falando começando a palestra sobre diagnóstico de problemas não triviais em redes TCP/IP (com Linux, obviamente). Eu realmente preciso fechar um pouco mais o escopo dessa palestra, sempre estoura o tempo.
Tinha muito mais gente na palestra de TCP/IP do que na de SystemTap, o que é de se esperar, já que o assunto interessa a quase qualquer pessoa da área de informática hoje em dia. Fiquei com a sensação de que eu fui melhor na de SystemTap, talvez porque o escopo era menor e mais focado, porém menos gente viu ela. Aí quando lota a sala na de TCP/IP eu acabo falando de tantas coisas que nem olho pros slides pra saber onde eu deveria estar. "Na próxima eu melhoro", eu sempre prometo.
Acabadas as minhas palestras, eu corri pro auditório pra fazer o painel sobre trabalho com software livre. Eu nem tinha idéia do que seria conversado, mas foi bem divertido, e acho que foi instrutivo para quem estava lá. Tendo o Arnaldo, eu, o Aurélio e o Leo fazendo uma ponta também, com o CASantos pra moderar, até que tinha bastante variedade de opiniões e experiências. Achei muito legal que algumas pessoas da platéia participaram bastante, com opiniões e informações que geraram boas discussões. É esse o ponto! Os eventos são pra isso, interagir e todos crescerem com o debate. Acho que atingimos o objetivo.
Aí ficou tranquilo... encerramento, agradecimentos, abraços nos velhos amigos. Não consegui comprar o livro de shell do Aurélio, nem as canecas do grupo que eu queria, mas isso me deixou feliz! Melhor que tenham ido para pessoas que estão começando e bem motivadas do que para um macaco velho como eu (já fazem 14 anos que fuço em Linux).
Me despedi do pessoal todo e fui correndo visitar meu irmão. Já eram mais de 19h30. Fiquei na casa dele exatos 5 minutos e ele me levou correndo pra rodoviária. Cheguei na rodoviária às 20h30, entreguei a passagem, subi no ônibus e ele partiu.
Viajei no total 13 horas e 30 minutos, e fiquei em Porto Alegre 15 horas. Foi quase meio-a-meio, e eu obviamente estava completamente exausto. Mas essas 15 horas foram fantásticas. Pude rever bons amigos, aprender, ensinar, fazer novos amigos, e ajudar inclusive gente que eu nem conheço a ter o que comer. Dei pitaco em 4 palestras, apresentei duas e participei de um painel. ACTION PACKED!
Sinceramente, os eventos do TcheLinux estarão sempre entre os melhores sábados que já tive. Espero que novos membros comecem a se engajar na organização dos eventos e mantenham esse espírito vivo.
Mas bah! Me aventurei em uma viagem bate-e-volta para passar o sábado passado em Porto Alegre, saindo de Chapecó às 23h de sexta e chegando em POA às 5h30 da manhã de Sábado. Eu e o Filipe Rosset, bom amigo aqui de XAP que anda se enveredando pelo TcheLinux e pelo seu irmão caçula (e bem recente) XAPlivre. Chegamos na rodoviária, tomamos café da manhã e fomos pra PUC. Chegamos lá umas 6h30, acho. Fomos os primeiros a chegar e causar espanto nos guardas da PUC (um com chapéu vermelho e o outro com camiseta de pinguim), mas logo mais gente foi chegando, fomos nos apresentando (para os novos) ou botando os papos em dia (para os velhos conhecidos).
Como pra voluntário do TcheLinux não tem moleza, antes de termos um chimarrão pronto já estávamos arrastando mesas, abrindo caixas, ajudando a organizar a lojinha, o local para guardar os donativos, colando cartazes, preparando crachás, etc. Finalmente chega o Douglas Landgraf com uma bomba de chimarrão (pô Filipe, essa foi triste) e depois de uns mates o cérebro sai do modo uni-neurônio. Começou a chegar gente pra fazer inscrição, começaram a chegar donativos, e eu lembrei que obviamente ainda tinha que terminar minhas apresentações pra duas palestras (ainda bem que eram só à tarde).
Começou a encher de gente, vários amigos chegando, colegas do trabalho atual, de outros trabalhos antigos, e inclusive uns tanto do trabalho atual quanto de outros trabalhos antigos (vai entender). Depois da primeira enxurrada de gente e donativos que ajudei a organizar (me especializei em ensacar sacos de donativos) fui correndo pra abertura do evento. Mais uma vez o Leo manda aquela abertura ótima, algo como "é isso aí gurizada, estamos um pouco atrasados então vamos lá. É um prazer estar aqui, espero que gostem do evento e mãos à obra!". O TcheLinux prega muito o método "shut up and hack" e no evento não poderia ser diferente... "Bom dia a todos, vamos fazer desse um ótimo evento e agora se mandem pras palestras que é o que importa!".
Me mandei pra sala onde seriam minhas palestras, mais tarde, e me dediquei ao meu esporte predileto: dar palpite nas palestras dos colegas. Algumas pessoas ficam mais nervosas do que outras, algumas começam a palestra meio fechadas ou rígidas, e inclusive o público às vezes está meio frio. O que eu faço? Entro na sala e largo uma piada ridícula. :D Nem fico (mais) vermelho, mas com a descontração do público e do palestrante a tensão desaparece e a palestra se torna quase uma conversa entre amigos. E, na minha humilde opinião, é pra isso que nós fazemos os eventos: para que as pessoas interajam e saiam com mais conhecimento. Todas as pessoas, inclusive os palestrantes.
Cheguei na palestra do Maraschini, sobre pipes, e vi que ela está melhor do que foi em Santa Maria. Mais uma prova de que todos aprendem nos eventos, inclusive os palestrantes. Com a interação da platéia e algumas conversas entre amigos, a palestra de repente se torna mais do que havia nos slides. E aí entra o Douglas, com a sua palestra mutante sobre como colaborar com o desenvolvimento do Linux. Tem tantos assuntos que podem ser falados, aspectos técnicos, culturais, comportamentais, ou mesmo simples procedimentos. Como essa palestra não é rigidamente estruturada, eu aproveito pra dar pitaco a toda hora, e não raro algum ouvinte faz algum comentário que vira uma sub-palestra de uns 15 a 20 minutos. É uma conversa entre iguais, onde quem está na frente apenas tem a responsabilidade de manter um pouco o foco e o caminho dos assuntos. Essa é a troca que eu mais gosto nos eventos do TcheLinux: a gente nunca sabe exatamente onde uma palestra vai parar, mas tem certeza que vai aprender algo que não esperava (ainda mais quando estão na sala o Luis Claudio, o Arnaldo e o Eduardo, velhos colegas e amigos, para trazer mais experiência para as conversas).
Próximo do almoço eu finalmente terminei minha primeira apresentação. :D A segunda já estava parcialmente pronta, e francamente a segunda palestra que eu apresentei acabou sendo tão abrangente que os slides não adiantariam muito. Vou evitar fazer palestras assim tão grandes no futuro, e parar de estourar o tempo das palestras (já estou queimando a paciência dos amigos com minhas palestras sem fim).
Logo depois do (farto) almoço, o Luis Claudio conseguiu uma proeza: ninguém dormiu na palestra dele! O assunto, Real Time Linux, é bem interessante, e o Luis Claudio domina o assunto e a platéia... acabei fazendo só uma ou duas intromissões, já que não conseguia ficar quieto. Aí vem o Arnaldo, e nos esmaga com sua apresentação animal sobre as tecnologias atuais de depuração do kernel, sua motivação, história e estado atual. Algumas das tecnologias que ele falou ele mesmo criou, adaptou ou ajuda a desenvolver. É difícil achar um evento no Brasil onde esse tipo de assunto fosse falado por alguém tão íntimo com estas tecnologias. Ficou legal o link entre a minha palestra e a do Arnaldo, porque ele falou de várias tecnologias, inclusive SystemTap, e depois eu aprofundei e demonstrei com exemplos como usar SystemTap.
Terminada a palestra do Arnaldo, eu levo meu notebook pessoal, chinelão, pro projetor e nada (eu já esperava). Aí peguei o notebook da Red Hat, esse com pedigree, e nada também. Putz! O ThinkPad nunca negou fogo pra um projetor de vídeo antes! Acabei tendo que usar o notebook do Arnaldo e perdi vários minutos no início da apresentação sobre SystemTap (que, aliás, gostei bastante de apresentar). Consegui acabar a palestra de SystemTap quase na hora que deveria (ei, dá um desconto já que deu problema no notebook), tomei um copo d'água e já continuei falando começando a palestra sobre diagnóstico de problemas não triviais em redes TCP/IP (com Linux, obviamente). Eu realmente preciso fechar um pouco mais o escopo dessa palestra, sempre estoura o tempo.
Tinha muito mais gente na palestra de TCP/IP do que na de SystemTap, o que é de se esperar, já que o assunto interessa a quase qualquer pessoa da área de informática hoje em dia. Fiquei com a sensação de que eu fui melhor na de SystemTap, talvez porque o escopo era menor e mais focado, porém menos gente viu ela. Aí quando lota a sala na de TCP/IP eu acabo falando de tantas coisas que nem olho pros slides pra saber onde eu deveria estar. "Na próxima eu melhoro", eu sempre prometo.
Acabadas as minhas palestras, eu corri pro auditório pra fazer o painel sobre trabalho com software livre. Eu nem tinha idéia do que seria conversado, mas foi bem divertido, e acho que foi instrutivo para quem estava lá. Tendo o Arnaldo, eu, o Aurélio e o Leo fazendo uma ponta também, com o CASantos pra moderar, até que tinha bastante variedade de opiniões e experiências. Achei muito legal que algumas pessoas da platéia participaram bastante, com opiniões e informações que geraram boas discussões. É esse o ponto! Os eventos são pra isso, interagir e todos crescerem com o debate. Acho que atingimos o objetivo.
Aí ficou tranquilo... encerramento, agradecimentos, abraços nos velhos amigos. Não consegui comprar o livro de shell do Aurélio, nem as canecas do grupo que eu queria, mas isso me deixou feliz! Melhor que tenham ido para pessoas que estão começando e bem motivadas do que para um macaco velho como eu (já fazem 14 anos que fuço em Linux).
Me despedi do pessoal todo e fui correndo visitar meu irmão. Já eram mais de 19h30. Fiquei na casa dele exatos 5 minutos e ele me levou correndo pra rodoviária. Cheguei na rodoviária às 20h30, entreguei a passagem, subi no ônibus e ele partiu.
Viajei no total 13 horas e 30 minutos, e fiquei em Porto Alegre 15 horas. Foi quase meio-a-meio, e eu obviamente estava completamente exausto. Mas essas 15 horas foram fantásticas. Pude rever bons amigos, aprender, ensinar, fazer novos amigos, e ajudar inclusive gente que eu nem conheço a ter o que comer. Dei pitaco em 4 palestras, apresentei duas e participei de um painel. ACTION PACKED!
Sinceramente, os eventos do TcheLinux estarão sempre entre os melhores sábados que já tive. Espero que novos membros comecem a se engajar na organização dos eventos e mantenham esse espírito vivo.
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